Empresário afirma que trouxe Digimon para o Brasil para frear sucesso de POKÉMON! - Digimon Adv Tri

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sexta-feira, 21 de abril de 2017

Empresário afirma que trouxe Digimon para o Brasil para frear sucesso de POKÉMON!


Digimon, Dragon Ball Z, Os Cavaleiros do Zodíaco, Três Espiãs Demais… Esses grandes sucessos do mundo dos desenhos animados possuem em comum no Brasil o nome de uma pessoa: Luiz Angelotti. Empresário bem sucedido, ele foi o responsável pelo lançamento dos mais importantes sucessos nipônicos da última década na tv brasileira e sabe bem o potencial que o material possui. Entretanto, não basta ter uma série de sucesso em mãos: é preciso saber trabalhar com ela.
Mas quais circunstâncias fazem com que um anime possa ser apontado como sucesso ou fracasso? Número de fãs? Audiência? Produtos no mercado? É justamente essa e muitas outras dúvidas sobre os bastidores do mercado brasileiro de animes que Luiz Angelotti, esclarece nessa entrevista concedida com exclusividade ao JBox.

Para os que não sabem como funciona o trabalho por trás do lançamento de algum anime na TV brasileira, o senhor poderia resumir um pouco esse processo?

As definições das ações globais são feitas pelos detentores dos direitos sobre determinadas séries. Eles definem estas séries e o cronograma de trabalho para inicio de venda para regiões, como por exemplo: Japão; restante da Ásia; EUA; Europa; América Latina… Não necessariamente seguindo uma ordem específica, mas sempre há um cronograma de ação que é seguido pelos departamentos responsáveis.
Assim, o Brasil é inserido em um contexto comercial e temos que seguir conforme estratégias estabelecidas. Nas feiras internacionais de TV (Natpe, MipTV, Mipcom, etc.), as séries são apresentadas oficialmente e as negociações começam. Preço por episódio, número mínimo de capítulos para venda (para não dividir demais uma série e perder sua seqüência e características), dublagem, validade contratual – onde será definido o tempo para veiculação por deteminada emissora e quantas repetições no máximo poderão ter – e outros pontos que são apresentados às diversas emissoras de tv do mundo. A partir daí é que um projeto se viabiliza, com os licenciadores se credenciando junto das produtoras ou agentes.
Nesse cenário, dificilmente uma série nova vem para o Brasil primeiro ou com exclusividade. Kamen Rider Dragon Knight, por exemplo, é quase uma exceção neste universo cheio de planejamento e regras. O retorno de Os Cavaleiros do Zodíaco em 2003 também, visto que o relançamento da série se deu de forma exclusiva no Brasil. Isto depende muito da abertura do agente local e dos detentores da licença sobre a série, além de processos demorados de negociação para que algo diferente possa ser feito apenas por aqui.
Quais os parâmetros de mercado que o senhor aplica para investir em uma marca? Existem muitas que são sucesso nos EUA e Europa, mas que não caem no gosto do público brasileiro…

O Brasil é encarado no mercado internacional como uma “ilha”, pois a dublagem aqui é única, enquanto na América Latina toda se utiliza a mesma, em espanhol. Temos um tamanho que engloba vários países Europeus (em tamanho e não em poder aquisitivo) e assim, temos que tomar muito cuidado com referências internacionais.
Vindos da Europa, não encontramos muitos sucessos aqui no Brasil, mas sempre existem exceções. Um exemplo é Gormiti, de origem italiana, que é uma grande aposta em vista do fato de ser um sucesso em venda de brinquedos no Brasil, servindo de termômetro para outras empresas (incluindo emissoras de tv) investirem no projeto. Sempre é necessário buscar referências no país de origem e em outros que eventualmente tal série ou marca já esteja ou esteve presente. Assim, com estas informações tabuladas podemos montar um business plan e avaliar a possibilidade de sucesso.
Quando foi seu primeiro contanto com produções japonesas e o que o levou a apostar no potencial dos animes no Brasil?

Em 1999 quando iniciei os trabalhos na Dalicença. Fui convidado pela Toei Animation a licenciar Dragon Ball Z. Lembre-se que pouco antes, em 1996, a série Dragon Ball já tinha sido trabalhada por outro agente no Brasil e foi um enorme fracasso, trazendo prejuízos a inúmeras empresas nacionais. Iniciamos em setembro de 1999 com a estréia de DBZ na BAND. Em 2001 o anime foi transferido para a Rede Globo e o sucesso permanece até hoje.
Esse é um ponto interessante: que fez a série passar de um canal para o outro no auge do sucesso? O interesse partiu da Rede Globo ou foi uma estratégia da própria Toei, vender o restante da fase Z para a maior emissora do país, a fim de dar mais visibilidade a um dos seus carros-chefe?
Quando estreou na BAND, a série teve uma audiência considerável e despertou a atenção de outras emissoras. A Rede Globo com um time muito bem preparado, viu na trilogia um potencial que nenhuma outra emissora tinha visto. Assim, as negociações se iniciaram e hoje a Rede Globo detém os direitos sobre todos os episódios e longas. A exibição é mantida desde 2001 e já transforma o Brasil em uma referência internacional em DBZ e consequentemente para a animação japonesa. E DBZ atinge um status de “elite” no cenário das animações no Brasil devido ao tempo em que está em exibição e sempre com excelente audiência, talvez comparado apenas ao live-action Power Rangers, atualmente quase pré-escolar.
Junto de DBZ tivemos Digimon, que foi de longe o anime com um trabalho de marketing mais agressivo que já observamos no Brasil. Pode nos contar como foi trabalhar com esse produto? 

Digimon
 foi uma série muito bem elaborada e com um roteiro ideal para aquele momento, pois inseria a criança no mundo da informática, mercado que estava crescendo muito em volume e velocidade e que em 2000 não era acessível a todos (quase nem havia banda larga e alta velocidade no país) e o público infantil começava a ter contato com computadores e sua comunicação virtual. Foi um caso de “hora certa, lugar certo”.
A estratégia foi extremamente agressiva e fomos o primeiro país junto a Toei a trabalhar com a série, assim como a primeira empresa no Brasil a fazer todo o processo de aprovação comercial e de produtos via e-mail. Chegamos a aprovar propostas comerciais e produtos em um dia apenas direto com a matriz japonesa. No começo dos anos 2000 isso praticamente foi uma revolução no processo de licenciamento.
Mas é inegável que Digimon veio tão rápido ao Brasil para tentar frear o sucesso de Pokémon, na Record…
Sim, Digimon foi uma aposta para aproveitar o sucesso de Pokémon, que na época estava sozinho no mercado e ainda tinha uma estratégia comercial complicada e muito lenta. Trabalhamos na falha da concorrência. Conseguimos unir em um curto espaço de tempo empresas de peso – que por alguma razão não trabalhavam com o concorrente ou estavam em negociação há muito tempo, sem resultado. Assim, desde a emissora de tv (no caso a Rede Globo) até o menor licenciado montamos uma estratégia para combater Pokémon.
Este foi um dos fatores que contribuíram para o êxito da série. Foram dois anos de sucesso, jamais repetido por outra até hoje em quantidade de produtos e exposição. Lembre-se que em 1994 CDZ foi sucesso, mas sem planejamento. A série simplesmente aconteceu no Brasil e depois que a audiência estava estourando é que foi nomeado um Agente de Licenciamento.
Tornamos-nos referência mundial com o sucesso de Digimon, o que nos rendeu muitos prêmios internacionais como agentes. A partir daí, passamos a ser refêrencia de sucesso comercial para propriedades japonesas. Hoje, circulamos entre as principais empresas de licenciamento e digo que recebemos visitas quase todos os meses de empresas japonesas interessadas em estar com suas produções no Brasil. Infelizmente nosso mercado ainda é pequeno e muito limitado.

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